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"MINHA IDADE NÃO ME LIMITA"

Apesar das estatísticas de aumento da longevidade nos últimos tempos, os idosos seguem sofrendo muito preconceito. O etarismo é um problema no Brasil, mas não somente aqui. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde(OMS) apontou que um em cada seis idosos no mundo já sofreram algum tipo de violência em algum momento de sua vida. 

Etarismo é a discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes maneiras de abordagem ao idoso, como piadas, infantilização e atitudes de exclusão.

À medida que uma pessoa envelhece, uma forte pressão social se estabelece tentando controlar a forma como essas pessoas se comportam. Existe também um grande descrédito sobre as ações de uma pessoa idosa, como se ela fosse incapaz de tomar suas próprias escolhas. E na medicina, isso não é diferente. São comentários do tipo "Você não vai se aposentar, não?", "Você está desatualizado para o exercício da Medicina", "Você está cansado, lento, para continuar trabalhando", “É hora de parar de trabalhar e descansar”.

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Datis Magalhães, 79 anos, médico Pediatra formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e cooperado da Unimed-BH desde a década de 70, fala sobre alguns apontamentos que ouve em relação ao fato de ainda estar trabalhando.

“Existem pessoas que gostam de nos 'puxar para baixo' com críticas e comentários ruins. Outros tentam disfarçar e usam de subterfúgios para nos evitar. Eu, particularmente, lido bem com isso, mas entendo que a ética e o respeito devem prevalecer sempre."

Ele reforça a importância do ambiente profissional diverso e do convívio com os colegas mais jovens.

“As condições de trabalho e os pacientes mudaram, assim como a relação médico-paciente. Médico experiente tem suas virtudes, assim como o médico mais novo. Por isso, a troca de informações entre os profissionais deve prevalecer. A gente aprende muito com a experiência e o conhecimento dos outros. Idade não deveria ser motivo de discriminação entre nós médicos, mas, infelizmente existe."
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"A melhor manifestação de respeito com o idoso é entender que temos algumas limitações, mas não somos inúteis. Você tem que se despir de todo preconceito, isso vale para tudo na vida. É preciso ter respeito com todas as pessoas. Essa é a base da vida da gente.”
Datis Magalhães.
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Infelizmente, para Érika, o preconceito vivido no início da faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda pode ser observado atualmente.

“Não foi fácil entrar numa universidade pública e fazer um curso tão elitizado. O ciclo básico da medicina foi um grande desafio. Mas, enquanto profissional, nunca senti preconceito em relação a minha parte técnica. O que vejo, e não é pouco na área médica, são piadinhas machistas, desrespeitosas. Ou manifestações racistas, homofóbicas, capacitistas, muitas vezes, veladas”.

Ela reforça, o papel do médico como formador de opinião.

“O respeito à pessoa humana deve ser um só. Respeito é respeito. E somente com informação, com a comunicação para o colega médico, para o paciente, é que podemos mudar essa realidade”.

"Somos todos absolutamente iguais. O que nos difere são as oportunidades da vida e os valores que cada um recebe. O que não fere a integralidade do outro, diz respeito somente a nós mesmos".

SAIBA MAIS

Estima-se que uma em cada duas pessoas no mundo tenha atitudes discriminatórias que pioram a saúde física e mental de pessoas idosas e reduzem sua qualidade de vida. O dado é da Organização Mundial da Saúde.

A OMS também revelou que até 2050, a população de idosos será de cerca de 2 bilhões de pessoas, sendo necessário agir para impedir que o etarismo siga tão difundido assim. No caso do Brasil, estima-se que o país terá uma das populações mais idosas do mundo nas próximas décadas. Lembrando que o etarismo pode se manifestar por meio de violência psicológica, verbal e até mesmo física.

INTERGERACIONALIDADE

É a primeira vez na história que cinco diferentes gerações estão atuando lado a lado e a presença de profissionais maduros no mercado de trabalho está em trajetória cada vez mais ascendente.

Na prática, isso significa que a inclusão de 50+ em organizações pressupõe o desenvolvimento de ambientes de trabalho e políticas que fomentem a intergeracionalidade, ou seja, a interação saudável entre pessoas de diferentes épocas. Gerações diferentes podem ter práticas e atitudes diferentes em relação ao trabalho, que, se bem administradas, podem se complementar e enriquecer o ambiente de trabalho.

Então, o que é fundamental para não reproduzir a discriminação?

  • A igualdade em respeito, tratamento e oportunidades para pessoas de diferentes gerações, desconsiderando qualquer tipo de preconceito ou julgamento. Além disso, é bom saber que gerações distintas podem ter conceitos, crenças, fortalezas e comportamentos diferentes umas das outras. É preciso entender que, quando há um conflito, o diálogo torna-se essencial;
  • Promover oportunidades de posicionamento, opinião e interação para pessoas de diferentes idades;
  • Dar voz às pessoas, sem julgar como ultrapassado ou inexperiente;
  • Entender as necessidades das diferentes gerações e incentivar a interação entre elas;
  • Não faça comentários que julguem ou atinjam diretamente o outro por sua idade, experiência ou conhecimento sobre algo. Estes aspectos de vida se devolvem com o tempo, e devemos respeitar o tempo de cada um;
  • Não desvalorize as competências de cada geração. Cada um se desenvolveu de uma maneira e de uma forma.
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Em breve estarão disponíveis treinamentos sobre os temas.

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Canais de acolhimento

Qualquer tipo de preconceito é uma infração ética grave.
Dessa forma, existem canais de acolhimento e denúncia para as diversas situações.

Quando o médico for vítima de preconceito e discriminação procure acolhimento no departamento jurídico do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais pelo telefone 99302-0106.

Quando o médico for o agente da situação de preconceito ou discriminação, o acolhimento deve ser realizado no Conselho Regional de Medicina. (www.crmmg.org.br)

Se você for médico cooperado da Unimed-BH, acione também o Canal Confidencial. (canalconfidencial.com.br/unimedbh)