O primeiro painel do Encontro de Cooperados 2024 foi dedicado ao cenário econômico mundial e brasileiro. O economista e escritor Eduardo Giannetti apresentou as principais macrotendências econômicas mundiais da atualidade e como elas podem impactar, positiva ou negativamente, o nosso país.
Segundo o economista, o cenário global atual vem sendo afetado por uma série de eventos de baixa previsibilidade que afetam a todos, ainda que de maneira diversa. A pandemia da Covid-19; a deflagração de duas guerras – na Ucrânia e na Faixa de Gaza -, gerando um aumento da tensão geopolítica no mundo; a polarização política em escala mundial, como tem sido visto nos EUA, por exemplo, são parte dessa série.
Somam-se a eles os eventos climáticos extremos e um momento intenso de inovação tecnológica, puxado pela mudança da matriz energética e o avanço da inteligência artificial. “Eventos de baixa previsibilidade sempre aconteceram. Mas a sequência deles leva a uma aceleração da ocorrência de turbulências”, explica o economista.
Como consequência, novas tendências se formam. Giannetti destaca três entre as principais. A primeira é o fim da era dos juros e da inflação baixa no mundo, seguida do fim do “milagre chinês”. “A China está concluindo um ciclo de mudança de país de renda baixa, com população rural e pouco produtiva, para um país de renda média. A nova fase, que é avançar para a renda alta é mais complexa, lenta e incerta. O que veremos, agora, é um movimento semelhante na Índia, que promete ser um importante motor de crescimento devido à sua enorme população”, detalha.
A terceira tendência é o fim da hiperglobalização, com países buscando segurança no suprimento de bens essenciais e reforçando suas cadeias produtivas. “Nesse cenário, o Brasil tem uma grande oportunidade. Nosso país, que não se integrou às grandes cadeias mundiais, agora tem uma janela positiva com o arrefecimento da hiperglobalização. O mundo vai precisar do Brasil”, conta.
Para aproveitar a tendência favorável, o país tem boas e más notícias, na avaliação do escritor. A economia vem crescendo acima do esperado há cerca de quatro anos, há um equilíbrio de conta corrente e, apenas nos últimos doze meses, foram criados três milhões de empregos.
“São números expressivos, mas a informalidade no trabalho é um problema grave. Hoje, temos cerca de 40 milhões de pessoas nessa situação, sem direitos, sem acesso a crédito, com pouca segurança. Outro problema são os juros altos, que inibem os investimentos e trazem um impacto fiscal importante”, afirma. A resposta, completa Giannetti, está nas salas de aula, com formação de jovens, e em um movimento de integração. “Para avançar, precisamos seguir a lição dos poucos países que venceram a armadilha da renda média - em que o país dá um primeiro passo e fica estagnado. Precisaremos comprar mais do mundo para que possamos vender mais para o mundo”, conclui.