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Unimed-BH On-line nº 653

Sarampo: cenário epidemiológico no Brasil e o que priorizar na prática assistencial

O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, caracterizada por seu elevado potencial de transmissão. Estima-se que até 90% dos contatos próximos suscetíveis podem ser infectados. Embora a vacinação tenha contribuído significativamente para reduzir sua incidência, a doença ainda representa um desafio para a saúde pública, especialmente em áreas com baixa cobertura vacinal.

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CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

Entre as Semanas Epidemiológicas 1 e 38 de 2025, foram confirmados 34 casos de sarampo no país, com maior concentração em Tocantins (25 casos). Outros estados com registros incluem Mato Grosso (3), Rio de Janeiro (2), Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul e Maranhão (1 cada).

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia investigam 24 possíveis casos de sarampo registrados entre 27/10/25 e 11/11/25 no município. Outros dois casos suspeitos foram analisados em outubro e tiveram resultado negativo, sendo descartados.

TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO

O sarampo é transmitido por via aérea, com período de transmissibilidade de 6 dias antes até 4 dias após o exantema.
A vacinação é a principal medida preventiva, com formulações dupla, tríplice e tetraviral, todas eficazes. Profissionais de saúde devem comprovar duas doses da tríplice viral.
Em surtos, recomenda-se profilaxia pós-exposição com vacina ou imunoglobulina, além de isolamento por aerossóis e afastamento de suscetíveis.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E COMPLICAÇÕES DO SARAMPO

Fase Prodrômica:
Início com sintomas inespecíficos: febre, tosse seca, conjuntivite, coriza, anorexia e mal-estar. O sinal de Koplik (manchas esbranquiçadas na mucosa jugal) é patognomônico e precede o exantema.

Fase Exantemática:
Exantema maculopapular craniocaudal, iniciando na face e retroauricular. Febre persistente após o exantema pode indicar complicações, especialmente em menores de 5 anos.

Complicações por faixa etária:

  • Crianças menores de 5 anos: pneumonia, otite média, encefalite, diarreia grave, óbito.
  • Adultos: pneumonia e maior risco de hospitalização.
  • Gestantes: parto prematuro, baixo peso ao nascer, risco de aborto espontâneo.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser clínico, no entanto, o ideal é que seja laboratorial, por sorologia (amostra de sangue), e por biologia molecular (amostras de secreção de orofaringe, nasofaringe, urina).

DEFINIÇÃO DE CASOS

Caso Suspeito:
Indivíduo com febre + exantema maculopapular morbiliforme de direção cefalocaudal, associado a tosse, coriza ou conjuntivite, independentemente da idade ou situação vacinal.
Associado a:

  • Histórico de viagem ou contato com viajante de área com circulação viral nos últimos 30 dias;
  • Resultado sorológico IgM reagente para sarampo.

Caso Confirmado:
Todo caso suspeito que atende a pelo menos um dos critérios:

  • Laboratorial:
    • IgM específico reagente (exceto se vacinado nos últimos 30 dias – requer genotipagem);
    • Soroconversão ou aumento de IgG (exceto se vacinado nos últimos 30 dias – requer genotipagem);
    • RT-PCR positivo para vírus do sarampo.
  • Vínculo Epidemiológico: Contato com caso confirmado, com início de sintomas entre 7 e 21 dias após exposição.
  • Clínico: Não é recomendada na rotina.


TRATAMENTO GERAL

Não há tratamento antiviral específico para o sarampo. O manejo clínico é sintomático e de suporte, com foco na prevenção de complicações. Em casos não complicados, recomenda-se:

  • Manutenção da hidratação adequada;
  • Suporte nutricional intensivo, especialmente em crianças desnutridas;
  • Controle da hipertermia com antitérmicos apropriados;
  • Monitoramento clínico rigoroso.

Uso de Antibióticos:
O uso de antimicrobianos é contraindicado na fase aguda do sarampo, exceto quando há evidência clínica de infecções bacterianas secundárias.

Suplementação com Vitamina A:
A administração de palmitato de retinol (Vitamina A) é recomendada para todas as crianças com suspeita de sarampo, visando reduzir a mortalidade e prevenir complicações como cegueira e infecções graves. A posologia varia conforme a faixa etária:

  • Menores de 6 meses: 50.000 UI, via oral, em duas doses (uma no dia da suspeita e outra no dia seguinte);
  • 6 a 11 meses: 100.000 UI, via oral, em duas doses;
  • 12 meses ou mais: 200.000 UI, via oral, em duas doses.


Fonte:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sarampo

https://www.cochrane.org/pt/evidence/CD001477_antibiotics-preventing-complications-children-measles

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/paf/vigilancia-epidemiologica/alertas-epidemiologicos/vigentes/nota-tecnica-24-2025-sarampo

https://www.em.com.br/gerais/2025/11/7290152-casos-de-sarampo-em-investigacao-em-cidade-mineira-chegam-a-24.html

 

 

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