"A MÚSICA ME SALVOU"
Dr. Kaká e o autocuidado que pulsa no ritmo da bateria
Médico anestesiologista e músico por paixão, o médico Luiz Carlos de Araújo — conhecido como Dr. Kaká — encontrou na música uma forma de se reconectar com a vida. Após enfrentar um diagnóstico de leucemia e, anos depois, um infarto, ele transformou sua rotina e seu olhar sobre o que realmente importa.
"Eu lutei tanto na minha vida, estudei, passei por residência e, de repente, recebi um diagnóstico de morte. Mas eu não abaixei a cabeça. Nesse processo, percebi que somos frágeis, vulneráveis, mas também muito fortes. Temos uma força interior enorme".
Foi nesse momento que a música, presente desde a infância, voltou com força total.
Busquei essa força na arte. Sempre gostei de música, de teatro. Decidi que não queria morrer. Fui fazer aula de bateria, que sempre amei. A música penetra no cérebro, te deixa leve. Às vezes, você fecha os olhos e entra no sentido da música, na letra, no que o compositor quis dizer. Isso me tornou uma pessoa mais leve. E com isso, consigo resolver problemas — meus e dos outros — de forma mais tranquila."
A experiência com as doenças fez com que o médico repensasse sua forma de viver e de cuidar.
“A gente não é super-herói. Somos parte de um universo imenso, mas temos uma força interior que nos permite superar.” Hoje, ele compartilha sua história com os pacientes, especialmente os que enfrentam doenças graves. “Eu conto minha experiência. Digo que também tive leucemia. Isso muda a forma como eles encaram a própria dor.”

Há dez anos, Dr. Kaká reuniu colegas músicos e, juntos, criaram a banda “Doutor 50”. O grupo, que começou como uma brincadeira, foi crescendo e hoje se apresenta em barzinhos e eventos, com um público fiel, que inclui pacientes e familiares.
“A música age como um remédio. Ela penetra na mente, traz bons fluídos”.
A mudança de estilo de vida foi radical.
“A música foi o start para tudo isso. Depois que comecei a tocar, parei de trabalhar aos finais de semana. Ganhei qualidade de vida. Passei a dedicar mais tempo à família, a viajar, a observar as pessoas, a viver. Hoje, trabalho com consultório de pré-anestesia, onde posso conversar com os pacientes e passar a minha experiência de vida.”
Para ele, o autocuidado é essencial na prática médica. Kaká conta que também faz questão de orientar os jovens médicos sobre a importância de desacelerar.
“A vida exige muito pouco da gente. Depois de tudo — leucemia, infarto —, eu entendi que a vida é um presente. Se você não está bem, não tem como cuidar do outro. O médico precisa ter um hobby, se permitir viver o que sempre gostou. A arte, a cultura, a música, tudo isso é saúde e um cuidado com você.”
Ele deixa um recado aos colegas:
“Reflitam. Procurem viver melhor com vocês mesmos. Vivam melhor com suas famílias, com seus pacientes. Nossa profissão é dura, mas há espaço para ser feliz. Ainda dá tempo.”

"Somos todos absolutamente iguais. O que nos difere são as oportunidades da vida e os valores que cada um recebe. A sociedade mudou, as pessoas mudaram. O que não fere a integridade do outro, diz respeito somente a nós mesmos".

Infelizmente, para Érika, o preconceito vivido no início da faculdade de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda pode ser observado atualmente.
“Não foi fácil entrar numa universidade pública e fazer um curso tão elitizado. O ciclo básico da medicina foi um grande desafio. Mas, enquanto profissional, nunca senti preconceito em relação a minha parte técnica. O que vejo, e não é pouco na área médica, são piadinhas machistas, desrespeitosas. Ou manifestações racistas, homofóbicas, capacitistas, muitas vezes, veladas”.
Ela reforça, o papel do médico como formador de opinião.
“O respeito à pessoa humana deve ser um só. Respeito é respeito. E somente com informação, com a comunicação para o colega médico, para o paciente, é que podemos mudar essa realidade”.
"Somos todos absolutamente iguais. O que nos difere são as oportunidades da vida e os valores que cada um recebe. O que não fere a integralidade do outro, diz respeito somente a nós mesmos".
Saiba mais
ORIENTAÇÃO SEXUAL
É a atração emocional, afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente em relação à outra. Existem três tipos majoritários de orientação sexual:
- Heterossexual- Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexualmente por pessoas do sexo/gênero oposto.
- Homossexual- Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexualmente por pessoas do mesmo sexo/gênero.
- Bissexual - Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexualmente por pessoas de ambos os sexos/gêneros.
ATENÇÃO
Não se utiliza a expressão "opção sexual" por não se tratar de uma escolha. Por isso, o correto é dizer "orientação sexual".
Também não se utiliza a expressão "homossexualismo", pois, neste caso, o sufixo "ismo' denota doença.
A homossexualidade não é considerada como patologia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1990, quando modificou a Classificação Internacional de Doenças - CID, declarando que a "homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão".


Você sabe o que significa a sigla LGBTQIA+?


Canais de acolhimento
Qualquer tipo de preconceito é uma infração ética grave.
Dessa forma, existem canais de acolhimento e denúncia para as diversas situações.
Quando o médico for vítima de preconceito e discriminação procure acolhimento no departamento jurídico do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais pelo telefone 99302-0106.
Quando o médico for o agente da situação de preconceito ou discriminação, o acolhimento deve ser realizado no Conselho Regional de Medicina. (www.crmmg.org.br)
Se você for médico cooperado da Unimed-BH, acione também o Canal Confidencial. (canalconfidencial.com.br/unimedbh)


